Oi D., a última vez que te escrevi foi de Paris. Paris foi incrível. Os museus, os restaurantes, os hotéis. As pessoas? As pessoas nem tanto. Eu só consegui pensar em você. Não pensei naquelas pessoas, estrangeiras. Só pensava em você. Mas não vamos falar de você. Nem de mim. Afinal, o combinado era não termos mais nenhum contato por pelo menos alguns meses. Tempo. Tempo pra nós dois. Lembra? Um tempo para fazermos o que tínhamos que fazer. O que eu fiz? Fugi de você, pra ver se as ideias voltam ao lugar. As ideias não voltaram, muito menos eu. Peguei um avião em Paris e parti para a Turquia. Pois é, nunca te disse isso, mas sempre quis conhecer Istambul. Eu sei, você vai dizer que eu sou doido. Talvez eu seja mesmo. Esse negócio de ir as alturas, sentir-se pequeno diante de uma imensidão, de um horizonte que me faz muito bem,e eu estou falando sério. Quando eu chegar lá, te conto como está sendo a viagem. Na verdade eu não conto. Eu escrevo pra um dia te mostrar. Um dia quando nós dois estivermos realmente amadurecidos. Porque a gente sabe que ainda tem muito o que aprender. Que esse tempo que a gente se deu é importante para os dois. Você sabe disso, não sabe? já desviei de tudo o que eu queria te contar. Queria te contar que estou partindo pra outra aventura. E quando voltar te conto tudo. Te conto até se em algum momento dessa fuga de você eu consegui te esquecer. E me conta um pouco de você. Como é que você está? E lá vou eu de novo fugir do prometido. É a última vez, eu prometo.
Beijos R. M
Eu nunca entendi. Se você olhar para o céu agora, irá ver o mesmo céu de quando nos conhecemos. Lembro que queríamos uma noite rodeada de brilho, estrelas, mas apareceram algumas e tampadas por aquela neblina.Brinquei que poderia chover e acabar com meu penteado e você, sorriu, comentei do meu poder sobre a chuva e então ficamos a esperando. Não choveu.Nossa amiga em comum comentou comigo no dia seguinte que não devíamos ter nos conhecidos. Nunca entendi porque nossa relação sempre pareceu ser bem mais do que foi, uma semana parecia um mês, eu tinha a sensação que te conhecia a séculos.Sempre fomos algo desconhecido, sem nome. Em uma das nossa últimas conversas você comentou que éramos um tipo de amigos, mas qual? Nunca soube. Eu sabia desde o início que de alguma forma seria eu a estragar tudo isso, a me arrepender, a escrever, a ter saudades absurdas, mas eu sou impulsiva demais e previsível. Você assistiu tudo, viu tudo acabar e viu também eu querer voltar, e leu, leu tudo que escrevi para ti. Eu sinto sua falta e não carrego mais nenhuma forma de dizer.Há dias me controlo para não vir aqui e dizer qualquer coisa sobre nós, qualquer coisa, eu e essa mania de achar que pode mudar tudo. Mas não sei, não sei o que me fez falar tudo isso, porque nunca soube formular direito meus sentimentos mais agora eu sei. No nosso último encontro eu te abracei muito forte, muito mesmo e recordo que pensei no momento em que te sentia “o melhor abraço do mundo”, e você não disse nada.Não sei se irá compreender, mas parecia que meu corpo pressentia, mas minha mente não acompanhava, era um abraço de despedida, de quem tenta me mostrar o que é o certo e o lado bom da vida, mas estou conseguindo me afastar dessas lembranças, só que ás vezes, não tem como, eu me deixo levar e fico lembrando de como era bom.