sábado, 5 de novembro de 2016

Ocupada demais??
Faz alguns dias me encontrei com uma amiga, e perguntei como ela estava. Ela virou os olhos, olhou pra cima e em voz baixa suspirou: “Estou muito ocupada… muito ocupada…” Pouco depois, perguntei a mesma coisa a outro amigo. De novo, com o mesmo tom, a mesma resposta: “Estou muito ocupado, tenho muito o que fazer.”
Percebi também que uma das minhas rotinas diárias é revisar uma avalanche de e-mails. Estou constantemente enterrada debaixo de centenas e centenas de e-mail. Eu Já tentei algumas técnicas: respondi só pela manhã, não respondi aos fins de semana, e assim vai. … mas seguem chegando os e-mails, em enormes quantidades, até mesmo com os dois conteúdos num só. E as pessoas esperam uma resposta para estes e-mails. Agora, o resultado é que quem está muito ocupada sou eu.
A na maioria das vezes, estamos perguntando “Como está você?”
Não pergunto quantas coisas você tem por fazer, quantos e-mails tem para ler. Eu quero saber como você está agora, nesse exato momento. Diga-me. Diga-me que o se você está feliz, diga-me que seu coração está doendo, que você está triste e que precisa de contato humano. Examine seu próprio coração, explora sua alma. Mantenha essa conversa, esse contato. Tenha uma conversa saudável, aqui e agora.
William Butler Yeats escreveu uma vez: “É preciso mais coragem para espreitar os cantos sombrios de sua própria alma do que para lutar no campo de batalha.”
Tudo o que sei é que estamos perdendo a capacidade de viver uma vida plena.
Mas eu me pergunto se estamos dispostos a pensar sobre como fazer e como viver de forma diferente. De alguma forma, precisamos de um modelo diferente de organização individual, social e familiar.
Quero ter um tipo de existência em que podemos parar por um momento, olhar para os olhos das pessoas, tocar um ao outro. Eu estou tendo tempo para refletir sobre minha própria existência; estou suficientemente em contato comigo mesmo.
Não ignore quem te quer bem,quem te manda uma mensagem no celularSer ocupado demais faz com que as pessoas cansa e afasta da gente. Então me diz como você esta hoje?


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Um canal de TV.


Meus defeitos são muitos e, a essa altura do campeonato, vocês já devem conhecer todos. Os reais e os inventados por terceiros. Então, peço licença para papaguear meu real (talvez único) talento: quando se trata do controle remoto da TV, sou rápida. O gatilho mais rápido do oeste!
Sou capaz de acompanhar, ao mesmo tempo, filmes, jogos e noticiários. Vários deles. Ok, talvez não seja tão difícil: os filmes, com variações superficiais, contam quase sempre a mesma história. O mesmo vale para noticiários e jogos.
 Zapear é minha forma favorita de não pensar em nada. Com o tempo descobri que esta experiência, para mim tão tranquilizadora, pode levar à loucura quem queira assistir TV ao meu lado. Minha performance zapeando foi dificultada pela chegada da NET digital. Nela, rola um gap entre a saída de um canal e a sintonia do próximo. Fração de segundos que parece uma eternidade para meus dedos aflitos. No equipamento analógico não era assim. Engana-se quem pensa que as coisas só melhoram com novos sistemas operacionais.
Duas são as consequência mais imediatas desse apertar frenético de botões: (1) sou obrigado a trocar as pilhas do controle remoto com muita frequência e (2) fragmentos de imagens e frases sem aparente conexão ficam reverberando na minha cabeça muito depois que desligo a TV. Irradiação Fóssil.
Numa dessas, fiquei sabendo que dá pra comprar cheiro de grama recém cortada. Num programa sobre automóveis luxuosos, um designer italiano borrifava o aroma no seu escritório enquanto alardeava como o cheiro lhe trazia inspiração.
A TV já estava em outro canal e eu ainda especulava se o tal cheiro de grama cortada tem valor em si  mesmo ou se sua força reside em trazer à lembrança a grama outrora cortada. O tal perfume causa o mesmo efeito para quem nunca sentiu o cheiro que o corte da grama libera na vida real? Tem valor absoluto ou só como disparador de lembranças? Prazer inato ou gosto adquirido?
Quando dei por mim, já havia flanado por outros canais. Saí do design de carros esportivos para entrar no Reino Unido da FIFA, corporação cujos tentáculos fazem a ONU parecer coisa de criança: 
Da matemática futebolística ao amor-I-love-you dos filmes, novelas e canções num clicar de botão:
Ah, o amor! Acredito nele. Na sua forma mais pessoal e direta (eu e tu, olho no olho - que, por incrível que pareça, até pode nos amesquinhar) ou na forma mais abstrata (com todas as letras douradas e maiúsculas: amar a vida, nossos semelhantes, os animais... amar os raio de sol da manhã e do anoitecer... e a lua... e as nuvens que porventura esconderem os dois - o sentimento que afinaria todos os instrumentos e colocaria o mundo em harmonia, com trilha sonora de anjos tocando harpa).
 Mas, quer saber? Às vezes acho que o amor atrapalha. Ops, vou refazer a frase pra clarear: acho que, às vezes, falar muito nele e esperar muito dele atrapalha. Há situações em que bastaria um pouco de respeito e gentileza. Utopias podem se transformar em desculpas para a inação, tipo: já que não rola tudo, não quero nada. Uma inversão cruel de perspectiva. Quase uma cegueira.
Se falo isso do amor, dá pra imaginar o que eu falaria a respeito do ódio... mas raramente passo por esse canal.

FIM..

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. Estou sempre de partida, malas feitas, portas trancadas, chave em punho. No fundo eu quero dizer "Me impede de ir. Fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui, que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba.Me ajuda a levar a vida menos a sério, porque é só vida, afinal.".... E acabo calada, porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Mesmo depois de fechar a sete chaves um coração dilacerado, como pode o amor querer tocá-lo novamente, sem ao menos dizer a sua intenção? Sinceramente, isso causa um desconforto pitoresco dentro de mim. Uma dúvida que me dilacera. Se eu pudesse viver sem um coração, seria algo maravilhoso, mas isso é impossível, pois é dele que brota todos os outros sentimentos e não estou disposto a matar minha alegria por um ação inexistente ou confusão do amor.
Quero somente criar forças para resistir as tentativas desse amor psicológico.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

 “onde guardamos nossas esperanças?”. Desde que a ouvi lendo, me pego pensando nessa questão, que já respondi diversas vezes, de diversas formas. Hoje, olhando pela minha janela os pássaros se escondendo sob os telhados ou entocados em árvores para se recolherem da chuva, digo que, nesse exato momento, minhas esperanças estão em minha iminente partida. Então, guardo tudo de que preciso e amo em meu olhar, pois é a única coisa que levarei comigo.  O meu olhar é a bagagem mais cheia e, no entanto, mais leve que carregarei em minha viagem. Antes levava comigo o peso de pessoas, coisas, palavras não ditas ou ditas em excesso, agora, sei que tudo de que preciso é o meu olhar. Esse olhar generoso, esse olhar leve, que carrega cheiro de chuva; esse olhar libertador, que me diz que posso contemplar o jardim sem possuí-lo.   Talvez sinta falta de muitas coisas, talvez não sinta falta de nada. Acho mesmo que não sentirei falta de nada. Agora, só quero partir, só quero a mudança da partida. Só quero o olhar do futuro, de quem carrega consigo todas as esperanças que não cabem em uma única vida e, por outro lado, que guarda consigo toda uma vida que cabe num único olhar.
Crônica:  Raquel Castro.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Seis horas da manhã e a lua ainda brilhando no céu. Passos rápidos para pegar o ônibus vazio. O frio da manhã parece se enfiar por dentro da blusa e congelar meus ossos. Pessoas correndo de um lado para o outro, sempre com pressa, como se o tempo lhes cobrasse alguma coisa. A cabeça cheia e o coração vazio, um cheiro conhecido, perdido no tempo que me faz lembrar que desde sempre me sinto fora do mundo. Que nunca me senti parte de qualquer coisa que seja. Sempre deslocada, de qualquer ambiente em que esteja. A solidão se faz presente e o desejo de um abraço chega a doer. Pensamentos vão e vem, com uma velocidade tal que chega a me deixar zonza.O ponto chega e desço do ônibus rezando por algo melhor no decorrer do dia...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Às vezes, encontro coisas tão parecidas com o que eu sinto, que me assustam.